Sabatina Costa-Gavras

Texto e fotos por Luciana Rodrigues e Gabrielle Barros

Sabatina Costa-Gavras
Realização Folha de São Paulo



Resumo sobre o diretor

Konstantin Gavras, apelidado pelo diminutivo Costa-Gavras nasceu em 1933 na Grécia e foi naturalizado francês, após a Guerra Civil Grega (1949) decidiu estudar literatura em Paris. Em 1956, interrompeu seus estudos para se inscrever no Instituto de Altos Estudos Cinematográficos (IDHEC), onde foi assistente de grandes diretores de cinema, até se destacar com o filme “Z”, de 1969, que fala sobre a ditadura grega e seus abusos, o filme ganhou o Oscar e o Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro. “Z” só foi liberado em 1980 no Brasil por causa da ditadura militar.

Outro filme de destaque de Gavras chama-se “Estado de Sítio” que fala sobre o Uruguai, como a censura só terminou em 1988, o filme foi liberado também em 1980, com duas cenas cortadas e algumas legendas borradas, porém o áudio em francês permaneceu e pode-se perceber que o filme fazia analogia a torturas sofridas pela ditadura brasileira.


Filmes Brasileiros

Ao ser questionado se havia interesse em fazer um filme sobre o Brasil, Gavras citou que não pode vir ao Brasil na época da ditadura e por não conhecer direito a história do país, fez sobre a ditadura Grega. Sobre outros temas que poderam ser abordados o diretor se julga incapaz, pois teria que passar de seis meses a um ano até aprender o idioma e assim conseguir debater sobre a realidade para fazer um bom filme.

Sobre o filme Troca de Elite, Gavras contou que quando assistiram ao filme, todos do júri chegaram a um denominador comum sobre o filme onde claramente o problema é o poder que permite que os policiais se comportem dessa forma. A comunidade elege os governantes e após a renúncia de suas promessas anteriores, se sentem abandonados por eles, dessa forma os civis se apóiam na polícia corrupta e nos traficantes, que oferecem “proteção” em troca de pouca coisa.

Sobre o filme "Lula O Filho do Brasil", baseado no livro homônimo da jornalista Denise Paraná, com direção de Bruno Barreto, Gavras espera que seja um filme justo, sem manipulações, sem ideologias e por conhecer Barreto, que é um amigo antigo acredita que o filme será muito bom.

Após várias revoluções e golpes militares tanto no Brasil como em todo o mundo Ocidental, Costa-Gavras acha difícil que volte a revoluções e ditaduras, por todas as vezes em que foram adotadas houve uma catástrofe no país, causando gastos desnecessário, quando a intenção era organizar a nação.Gavras cita a situação do Brasil como antiga, “EU não conheço muito bem, mas eu sei que a situação do Brasil já vem de anos e a esquerda não poderá mudar rapidamente essa posição”, completou o diretor.


Política

Gavras é um diretor adepto do cinema político, porém confessou que nunca participou de qualquer partido político ou apoiou militarismo, apenas estudou bastante a história sobre os lugares que lhe chamava atenção. Aprendeu a falar espanhol para fazer os filmes “Missing” (que conta a história do Chile) e Estado de Sítio (fala sobre o Uruguai).

Em idéias pessoas Gavras acredita que sobre revoluções depende de qual tipo de revolução pode-se citar a revolução armada ou a democrática. A armada muitas vezes o sucesso não foi alcançado, com exceção de Cuba. “Para mim o capitalismo sempre foi perverso”, disse Gavras ao citar eu filme “O Corte” onde o personagem prefere se arriscar sozinho, antes de ser cortado do meio, o que é uma situação permanente na sociedade.

No filme Amém, que conta a história do silêncio mantido pelo papa Pio XII diante das diversas denúncias sobre o genocídio dos judeus no momento em que as atrocidades ocorriam, durante a II Guerra Mundial. O diretor contou que alguns jornais e algumas pessoas do clero interrogaram-no por não ter sido citado que este mesmo Papa haveria salvado alguns judeus, porém sobre o tema principal não recebeu nenhuma crítica da igreja.


Cinema

Costa-Gavras citou “Gosto de tratar o cinema como um espetáculo. Nós não vamos ao cinema como quem vai a faculdade ou a comícios políticos, nós vamos ao cinema para nos divertir, sorrir, chorar sentir todas as emoções possíveis”.

Ele citou o cinema como papel fundamental na humanidade, capaz de revolucionar e formar e mudar opiniões. Gavras citou a reportagem do New York Times onde o cinema teria influenciado na candidatura de Obama, anos atrás os negros eram representados por escravos, hoje o cinema mostra negros como advogados, médicos e mostra que é possível um negro preencher um lugar que Obama conseguiu.

Eden A L’Quest

Em seu novo filme “Eden A L’Quest” que conta a história de um imigrante, o personagem fala no filme uma língua inventada para o filme, Gavras contou que é francês lido de trás pra frente, a idéia era não associar o personagem a nenhuma nacionalidade, “Eu queria que ele fosse um ser humano que está tentando a vida em outro país, não quis especificar quem ele seria, para que possa servir para todas as nações”.

Gavras citou que mesmo com os cuidados de não querer associar, os franceses se identificaram por não gostarem de imigrantes, por medo de que roubem seus empregos e que mudem a sua cor original, porém o diretor enfatizou a necessidade de mão de obra estrangeira.

O filme apresenta as dificuldades de qualquer imigrante em um novo país, que não entende as línguas faladas no local, o que torna difícil o acesso e o entendimento no início. Porém o filme mostra a determinação e a vontade de vencer e aprender aquela língua e se estabilizar em uma nova terra.

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